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Moagem: Longa-metragem retrata as transformações dos engenhos de rapadura no Sertão da Paraíba

  • Foto do escritor: João Paulo Lima
    João Paulo Lima
  • 23 de out.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 6 de nov.


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No último dia 22 de outubro, foi lançado o longa-metragem “Moagem”, dirigido por Ramon Batista, como parte da mostra competitiva do Fecine - Festival de Cinema do Nordeste Brasileiro, realizado na cidade de Areia (PB). A exibição do filme integrou a programação do Festival, que é gratuita e segue até o dia 25 de outubro, promovendo o cinema nordestino por meio de oficinas, debates, mesas-redondas, palestras e, claro, as aguardadas mostras competitivas de curtas e longas-metragens.


A estreia de Moagem em Areia se torna algo muito simbólico, já que trata-se de uma localidade onde a força dos Engenhos de cana de açúcar na produção de cachaça é intensa. Após a estreia, o filme segue para novas exibições no Engenho do Cedro, em Nazarezinho, no dia 23, e no CCBNB de Sousa, dia 24 de outubro, ambas no sertão da Paraíba. 


O Longa Documentário consolida a sensibilidade do olhar para o Sertão Nordestino que traz a filmografia de Ramon Batista. Natural de Nazarezinho (PB), sempre buscou em suas obras cinematográficas produzir filmes que estampam como plano de fundo a história e a cultura sertaneja, cenário ao qual o cineasta está inserido: 


“Eu sempre procuro contar as histórias das minhas vivências. E a partir do momento que eu comecei a fazer cinema, sempre quis fazer um filme sobre engenhos, sobre rapadura. Sempre procuro contar minhas histórias, a história do meu povo, da comunidade onde eu moro. As inspirações sempre vêm aqui mesmo da comunidade.” Afirma o cineasta. 

Ramon Batista - Diretor e Roteirista
Ramon Batista - Diretor e Roteirista

Ramon é fotógrafo, cineasta, roteirista e diretor de arte e fotografia. Fundador da produtora Caiçara Filmes e idealizador da Mostra Cine Sítio (2014–2024), que ao longo de 10 anos tem sido janela para o cinema paraibano na zona rural do Sertão. Em sua filmografia constam filmes premiados como Fogo-Pagou (2012) premiado no 24º festival internacional de SP, Capela (2014) premiado no 7º festival de Triunfo - Pe, Aroeira (2016), Seiva (2019) Jacu (2024) premiado na 21º ª Mostra do Filme Livre e lançado recentemente, Tempo de Vaqueiro (2025) exibido em importantes festivais de cinema no Brasil. (IMDb)


O cineasta, desta vez, desenvolve o seu enredo voltado para os engenhos de produção de rapaduras no alto sertão da Paraíba, em uma produção que apresenta registros históricos sobre o Engenho João Luiz, localizado na zona rural de Nazarezinho (PB), e retrata, de forma poética e sensível, mudanças tecnológicas e culturais que marcaram a produção de rapadura no Sertão paraibano.


“A ideia do documentário surgiu de forma espontânea, durante as filmagens do meu primeiro filme, quando soubemos que o motor a vapor do Engenho João Luiz — utilizado há décadas — seria desativado e substituído por um motor elétrico. Decidimos registrar esse marco e gravamos duas diárias ainda em 2011”, comenta Ramon Batista.


Em 2011, equipe de filmagem, na cozinha do Engenho João Luiz. Da esquerda para direita: Bruno de Sales, Torquato Joel, Paulo Roberto, Ramon Batista e Francisco Duder (In Memoriam)
Em 2011, equipe de filmagem, na cozinha do Engenho João Luiz. Da esquerda para direita: Bruno de Sales, Torquato Joel, Paulo Roberto, Ramon Batista e Francisco Duder (In Memoriam)

Após mais de uma década de produção, o documentário MOAGEM finalmente chega ao público em 2025. Ao longo de 13 anos de filmagens, a obra se transformou e amadureceu junto com o território que retrata. Em 2015, durante a pré-produção de Aroeira, seu terceiro curta-metragem, Batista voltou ao engenho para registrar sua nova fase, agora movido à eletricidade. Nesse período, o diretor de fotografia Marcelo Quixaba integrou-se ao projeto, também como produtor do filme. E o personagem Zizinha — guardião do engenho mais antigo em funcionamento — passou a protagonizar a narrativa.


Em 2017, o projeto ganhou novos contornos: o que antes seria um curta-metragem tornou-se um longa documental, ampliando seu olhar para incluir outros engenhos em funcionamento e estruturas abandonadas da região. Assim, Moagem passou a construir um retrato mais abrangente da cultura da rapadura na região — uma tradição ainda viva, produzindo uma rapadura com doce sem igual, e livre de aditivos.


Com o apoio da Filmes Urgentes e da recém-criada Caiçara Filmes (produtora de Ramon Batista), a produção seguiu firme. Em 2020, a Taquary Filmes somou-se à equipe, permitindo novas filmagens mesmo durante a pandemia de COVID19. As gravações desse período documentaram o impacto do isolamento social nas comunidades rurais e no cotidiano dos engenhos, ampliando a dimensão histórica e humana do filme. 


Alexandre Soares, fundador da Taquary Filmes, relata sobre a importância da participação como Produtor do longa: “Fiquei feliz e honrado pela oportunidade de embarcar nessa jornada que se transformou em poesia visual. Grande aventura acompanhar nesses 13 anos de produção, as transformações físicas e psicológicas dos personagens como também o processo de produção dos Engenhos.”


Em 2021, Moagem enfrentou um momento de luto com a perda de Ely Marques, montador dos primeiros filmes de Ramon e que também assinaria a montagem deste trabalho. Ainda assim, o projeto seguiu, recebendo o apoio de cineastas como Torquato Joel e Bertrand Lira, que contribuíram para novas gravações — entre elas, o registro do Engenho Maria Dalzira, o primeiro da região com nome de uma mulher.


O ciclo de filmagens foi concluído em 2024, com o apoio da Lei Paulo Gustavo, que viabilizou as etapas finais de captação e o início da pós-produção. A jornada envolveu importantes parcerias entre Pigmento cinematográfico, Extrato de Cinema e InCartaz, além de uma equipe dedicada, formada por profissionais como Bruno Alves, Mayara Valentim, Guga Rocha, Duder Rodrigues (in memoriam), Carine Fiúza, Paulo Roberto, Rosivaldo da Silva e Ester Rosendo, Bruno de Sales, entre outros.


Confira a galeria de fotos:


Com o lançamento, a expectativa é que o longa ganhe forças além das telas, contribuindo para impulso do turismo rural e no tombamento dos engenhos. Mais do que um registro histórico, MOAGEM é uma ode à tradição, à memória e à cultura do Sertão paraibano. Para o diretor,  os impactos da obra audiovisual podem dar contribuição nesse sentido: “O engenho é datado de 1813, ou seja, esse engenho foi puxado a boi, foi puxado a escravo, depois à locomotiva de trem, até chegar à eletricidade. Então ele merece sim, ser tombado! E a gente espera que o filme também tenha impacto nessa área.” 


Com uma filmografia enraizada em sua própria comunidade, Ramon Batista faz de Moagem não apenas um documento sobre o fim de uma era, mas também um testemunho poético sobre permanência, afeto e transformação no Sertão nordestino.


FICHA TÉCNICA

Título: MOAGEM 

Produção: Caiçara Filmes, Filmes Urgentes, Taquary Filmes 

Coprodução: InCartaz 

Direção e roteiro: Ramon Batista 

Produção executiva: Alexandre Soares e Marcelo Paes 

Dir. fotografia: Marcelo Quixaba 

Montagem: Diego Benevides 

Som direto: Mayara Valentim 

Ano de lançamento: 2025 

Origem: Nazarezinho, Paraíba — Brasil 

Gênero: Documentário 

Duração: 80 minutos 

Apoio: Lei Paulo Gustavo


SINOPSE 

Entre máquinas a vapor e novas tecnologias, conhecemos Zizinha um guardião que mantém viva a produção de rapadura em Nazarezinho, Paraíba. Moagem é uma viagem poética pelo passado e presente da produção de rapadura, que acompanha por mais de uma década o funcionamento desse importante engenho do Sertão da Paraíba, que data de 1813.


Assista ao Making Off: Clique para assistir!



EXPEDIENTE:

Reportagem: João Paulo Lima / Ascom

Fotografia: Divulgação ASCOM

Revisão de Texto: Marcele Saraiva 


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